Análise da personagem Esther do Filme A Órfã
SILVA,
Cristóvão. J; CASIMIRO, Gabriela. O; SILVA, Mariane. A; AGUIAR, Roberta. R. M.
Alunos
do curso bacharelado em Psicologia da faculdade Maurício de Nassau, João
Pessoa-PB.
RESUMO
O
filme A Órfã, de Jaume Collet-Serra, descreve a personagem a órfã (Esther) que
possui uma doença chamada Hipopituitarismo e também se encaixa em uma das
estruturas clínicas da Psicanálise; a perversão. A perversão em si distingue-se
da neurose e da psicose de acordo com sua organização e seu funcionamento,
seria exatamente o resultado da falta de recalque. No perverso o desejo aparece
pela via da atuação, ou, dito de outro modo, o perverso age, ele encena o
desejo. O filme retrata a historia de uma família, onde o casal Kate e John,
pais de Daniel e da pequena Max, decidem adotar uma criança e lhe dar todo o
amor. No orfanato conhecem e adotam Esther, uma inteligente e adorável garota
de nove anos, que possui talento para a pintura e veio transferida da Rússia.
Em pouco tempo Esther começa a apresentar um comportamento distinto e maduro
demais para sua idade. Não demora até que ela e a mãe adotiva passem a
enfrentar conflitos cada vez mais frequentes em seu convívio. Cada vez mais se
torna evidente para Kate que estranhos acontecimentos acompanham Esther em
todos os lugares por onde passa. Contudo, é difícil para John acreditar que há
algo de errado com a garota, uma vez que em sua presença ela age de maneira
adorável, contribuindo para a criação de um laço cada vez mais afetivo entre os
dois. Para o expectador não fica oculto durante a trama que além de estranha e
dissimulada, Esther é extremamente malvada e violenta. O mistério gira em torno
do motivo que leva uma garota de apenas nove anos a apresentar um caráter e
comportamento tão perturbador e assustador. Em conformidade com a análise
psicanalítica, a personagem Esther se encaixa na estrutura perversa. Uma vez
que um perverso tem consciência do que está fazendo e que é errado, sabe o foco
do seu desejo, comete erros com outras pessoas e não se arrepende do que fez,
assim, praticando tudo novamente, sem que ninguém veja, pois quer sempre manter
a boa imagem para todos que lhe cercam.
O presente trabalho consiste em uma
análise videográfica e tem por objetivo avaliar a personagem Esther, do filme A
Órfã, de Jaume Collet-Serra. Descreveremos a personagem e falaremos um pouco de
suas patologias, onde podemos declarar que a mesma possui uma doença chamada
Hipopituitarismo e também se encaixa em uma das estruturas clínicas da
Psicanálise; a perversão.
Hipopituitarismo é uma rara
doença, que compromete seu desenvolvimento físico. De modo geral, a doença se
caracteriza pela redução da secreção de um ou mais hormônios produzidos pela
glândula pituitária (ou hipófise), que fica na base do cérebro. Os sinais
da doença, variam em relação
ao hormônio que está sendo afetado. No filme, Esther tem seu crescimento
comprometido, ficando com o físico de uma criança. Os hormônios
da pituitária possuem diferentes funções em nosso organismo, logo,
outros sinais podem ser apresentados pelo portador da doença como: queda dos
pelos pubianos, redução da libido, infertilidade, atraso da puberdade,
insuficiência renal, baixa estatura, depressão e alteração na composição corporal. O
diagnóstico pode ser feito através de exames de sangue, que
indicam eventuais deficiências hormonais, e exames de imagens que podem revelar
a causa subjacente da doença, como tumores.
A perversão é um
fenômeno sexual, político, social, físico, trans-histórico, estrutural,
presente em todas as sociedades humanas (ROUDINESCO, 2007).
De acordo com BARBOSA (2013), em psicanálise o termo
perversão tornou-se um conceito para a área por volta de 1896 quando Sigmund
Freud o colocou lado da psicose e da neurose. Desse modo, a perversão
encontra-se em um amplo campo de estudo, tendo em vista que engloba
comportamento, práticas e fantasias correlacionados à norma social.
A perversão em si
distingue-se da neurose e da psicose de acordo com sua organização e seu
funcionamento. A perversão seria exatamente o resultado da falta de recalque.
No perverso o desejo aparece pela via da
atuação, ou, dito de outro modo, o perverso age, ele encena o desejo. Do ponto de vista freudiano, a estrutura perversa
parece, então, encontrar sua origem em torno de dois pólos: de um lado, na
angustia da castração; de outro, na mobilização de processos defensivos
destinados a contorná-la. A este título, ele evidencia dois processos
defensivos característicos da organização do funcionamento perverso: a fixação
(e a regressão) e a denegação da realidade (DOR, 1991). O perverso tem uma vivência da ordem do horror no
confronto com a diferença dos sexos e nisto está a confirmação de que ele está
condenado a perder o objeto do desejo (a mãe) assim como o seu pênis.
Pôster da estréia no cinema.
O filme “A Órfã”, de Jaume Collet-Serra,
conta a história de um casal, Kate e John, com dois filhos, que
após um inesperado aborto os
deixam frustrados, abalando
seu casamento. Kate começa a ter pesadelos por causa desse acontecimento
e o casal
decide adotar uma criança, Esther, para tentar resolver
esse fantasma do passado e voltar a ter
uma vida normal.
Esther parece ser uma garota normal de
nove anos, porém ela é uma mulher de trinta e três anos e ninguém nota essa
diferença de idade posto que ela tenha uma espécie de nanismo
(Hipopituitarismo).
No começo do filme Esther mostra ser
uma criança doce, com boas intenções- o que de fato não é- , mas com uma
maturidade muito elevada para sua idade. Ela é antissocial e fria, não
demonstra sentimentos ou qualquer tipo de emoção.
Esther vai brincar com seus irmãos
adotivos, Max e Daniel, ao ver que Daniel acerta um pássaro Esther insiste para
que ele o mate, jogando uma pedra. Daniel se recusa e Esther joga a pedra em
cima do pássaro e o mata, sem demonstrar qualquer tipo de emoção. Ao chegar na escola em que seus pais adotivos
a matricularam Esther se depara com uma garotinha que faz piadas de suas
roupas, dias se passaram e o seu pai,John,a leva ao parque junto com a Max.
Chegando lá encontram a garota da escola. Esther empurra a garota do escorrego
e ela quebra o pé. Sua irmã, Max, ver que foi Esther que a empurrou, mas não
conta a ninguém, Esther disse pra ela ficar em silêncio. Após alguns dias na
casa de seus pais adotivos, Esther e Kate começam a se desentender. Kate liga
para o orfanato onde Esther foi adotada e marca uma reunião em sua casa com a
freira que cuidou da adoção. Na reunião, a freira, Irmã Abigail, fala para Kate
e John terem cautela, pois, após analisar algumas coisas ela tinha chegado a
conclusão que toda vez que acontecia algo estranho/ruim a Esther estava por
perto. Esther escutou o que a Irmã Abigail falou para seus pais e armou uma cilada
para quando a freira fosse embora. Ela jogou sua irmã, Max, em frente ao carro
da freira, quando a Abigail saiu do carro para ver se tinha acontecido algo com
a garota – ela não sabia que era a Max- Esther dá vários golpes na cabeça da
freira com um martelo. Após matá-la na frente de sua irmã – que mais uma vez
não contou para ninguém porque Esther a ameaçou-, ela esconde o martelo e as
roupas sujas de sangue na casinha da árvore, perto de sua casa.
Depois de vários desentendimentos com
sua filha, Kate começa a investigar na internet a respeito do comportamento
estranho de Esther, e cada vez mais ela fica contra a filha. Mas ninguém
acredita no que Kate diz, afinal, Esther é apenas uma “criança”. Em suas
pesquisas sobre Esther, Kate descobre que ela não estava num orfanato da
Rússia, e sim num hospital psiquiátrico. Ela envia para o hospital algumas
fotos de Esther, e espera um retorno do hospital, a fim de receber mais alguma
informação.
Esther tenta matar sua irmã, soltando o
freio do carro numa descida. Em seguida, percebe que Daniel encontrou as roupas
e o martelo que ela havia escondido na casa da árvore, e coloca fogo na casa
com seu irmão dentro. Daniel se joga pela janela e cai no chão. Foi para o
hospital, onde novamente o tentou matar, mas dessa vez, sufocando-o com um
travesseiro. Os médicos reanimam o garoto.Ainda no hospital, ao ver que seu
filho esteve desacordado Kate vai falar com Esther e dá um tapa no rosto da
menina. Chegam vários enfermeiros, separam as duas e aplicam uma injeção na
Kate que a faz dormir. John pega as duas filhas e volta para casa.
Em casa, John vai até o quarto de
Esther e quando liga a luz ele vê os desenhos que ela havia desenhado na
parede, onde só era possível enxergar quando ligava a luz negra -eram desenhos
sexuais e de morte-, Esther veste uma roupa ousada e tenta seduzir seu pai. Ele fica assustado e se recusa a ter
qualquer tipo de envolvimento com ela. Enquanto isso, no hospital, Kate acorda
com o celular tocando. Era do hospital psiquiátrico. Esther tinha sido paciente
deles, ela realmente tinha problemas comportamentais e nanismo. A idade real
dela era 33 anos. De acordo com as informações passadas para Kate, Esther já
havia matado sete famílias e, toda vez que era adotada ela fazia com que o
relacionamento de seus pais ficasse ruim, para que ela pudesse consolar o pai.
Kate liga para a polícia, explica a
situação e sai correndo do hospital para casa, em busca de salvar seu marido e
sua filha; porém, Esther tinha sido mais rápida. Ao chegar em casa Kate se depara
com o corpo de John esfaqueado na sala,
ele já estava em óbito. Kate entra em desespero e corre a casa toda procurando
sua filha, a Max.
Kate consegue chamar a atenção de
Esther quando ela estava prestes a matar a Max. Esther corre atirando na
direção de Kate, que é atingida com um disparo no braço. Kate consegue pegar
Max e corre para o lago que fica no quintal de sua casa (o lago estava
congelado). Esther encontra Kate e Max, onde começaram uma luta corporal. Com o
objetivo de salvar a mãe, Max pega o revólver que Esther deixou cair e atira em
direção ao lago, onde estava sua mãe e Esther. O gelo do lago acaba quebrando
ao redor das duas, que caem na água gelada e continuam a brigar. Kate consegue
se livrar de Esther, mas quando está conseguindo sair da água, Esther aparece e
diz: “Mãe, não me deixa morrer” – mas na verdade ela estava escondendo uma faca
e queria matá-la – Kate respondeu: “Você não é minha filha” e chuta a cabeça
dela, onde Esther quebra o pescoço e automaticamente morre e cai na água gelada
do lago.
METODOLOGIA
A
metodologia utilizada neste trabalho foi de pesquisa bibliográfica, baseada em
livros especializados na área e vídeos, bem como buscas de conhecimento na rede
mundial de computadores. O trabalho foi desenvolvendo através de referenciais
teóricos, com o intuito de fazer uma analise da personagem do filme a órfã.
DISCUSSÃO
No filme, Esther não sente nenhuma
aflição em colocar seu plano maligno em pratica, por isso, é importante
considerar que o sintoma no perverso não causa sofrimento, mas sim prazer. Para DOR (1991), na estrutura perversa o sintoma é a
sensação de triunfo. O indivíduo não procura ajuda psicoterapêutica em função
dos sintomas, mas das perdas significativas advindas da própria estrutura. O
sintoma funciona como um lugar defensivo e só começa a ruir quando o sujeito
sente-se intensamente ameaçado, ou seja, quando começa a surgir efeitos
indesejados. O mecanismo de defesa do perverso é a recusa. Recusar significa
que parte do eu reconhece a realidade e a outra recusa, ou seja, são duas ações
opostas presentes na perversão que implica uma clivagem do eu. No caso da
perversão sexual, a recusa não está ligada apenas ao sintoma sexual, mas a toda
a existência do sujeito que está marcada pela divisão do ego (eu). A recusa funciona como obstrução do recalque,
da confusão entre os papéis sexuais, ao desaparecimento as diferenças, limites
e normas, pois a função paterna é presente, mas enfraquecida. O perverso reconhece
a lei do pai, mas infringi. A transgressão das leis é fator predominante na
dinâmica da perversão.
Os principais sintomas da perversão são
descritos como: 1) THE BEST (o melhor), 2) Manipulação, chantagem, sedução
excessiva e impulsividade 3) Mentiras, 4) Transgressão das normas e regras, 5)
Práticas sexuais consideradas como desvio, 6) Intencionalidade, 7) Objeto
cúmplice, 8) Jogos psicóticos, 9) Desejo de poder “status”, 10) Ausência de
sentimento e culpa, 11) Fantasias inconscientes “abandono” e “rejeição”, 10)
Recusa (mecanismo de defesa), 11) Psiquismo primitivo, 12) Sensação de mundo
hostil e 13) Agressão a si mesmo (alcoolismo e toxicomania).
Classificação
da perversão
A estrutura perversa se divide em dois grandes grupos:
• Sociais: psicopatia, toxicomania e alcoolismo.
• Sexuais: exibicionismo, voyeurismo, sadismo, masoquismo, sadomasoquismo, fetichismo e pedofilia.
A estrutura perversa se divide em dois grandes grupos:
• Sociais: psicopatia, toxicomania e alcoolismo.
• Sexuais: exibicionismo, voyeurismo, sadismo, masoquismo, sadomasoquismo, fetichismo e pedofilia.
Pacientes
adultos com DGH (Deficiência de
Hormônio de Crescimento) –
Hipopituitarismo- freqüentemente apresentam um conjunto de sintomas e sinais
recentemente denominado síndrome da DGH : fadiga, intolerância ao exercício,
distúrbios do sono, alterações psicológicas e sociais como humor depressivo,
ansiedade, labilidade emocional e isolamento social.
CONCLUSÃO
De acordo com o que foi apresentado, conclui-se
que a personagem Esther é perversa, visto que um perverso tem consciência do
que está fazendo e que é errado, sabe o foco do seu desejo, comete erros com
outras pessoas e não se arrepende do que fez, assim, praticando tudo novamente,
sem que ninguém veja, pois quer sempre manter a boa imagem para todos que lhe
cercam. O fenômeno sexual encontrado na perversão se faz presente na personagem
Esther, que pode ser observado no seu comportamento – quando ela tenta seduzir
seu pai, vestindo as roupas de sua mãe. Não há relação do hipopituitarismo com
a perversão, dado que o hipopituitarismo é causado por um mau funcionamento de
uma glândula cerebral (hipófise) e a perversão é um conjunto de comportamentos
psicossexuais que buscam um prazer de forma contínua. Desta forma, a perversão
que a personagem Esther possui, não foi influenciada e explanada pelo
hipopituitarismo.
REFERÊNCIAS
BARBOSA, A.S.M. Perversão
ou perversidade. Disponível em: <http://www.portaleducacao.com.br/psicologia/artigos/40801/perversao-ou-perversidade#ixzz44DEgFjPc>
Acesso em: 28/03/2016.
DOR, J. Estruturas e clínica psicanalítica. Rio de
Janeiro: Timbre Editores, 1991.
PORTAL, Colunista. O
que é hipopituitarismo. Disponível em: <http://www.mundodrive.com/2013/07/hipopituitarismo-a-doenca-da-menina-do-filme-a-orfa-esther-coleman.html.>
Acesso em: 26/03/2016.
ROUDINESCO, Elisabeth.
La partobscure de nous-même. Une
histoire des pervers. Paris: Editions Albin Michel, 2007, 248pp.
Muito bom saber que o transtorno metal de Esther não está relacionado a sua doença. Grata por compartilhar!!!
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirBet365 Casino & Promos 2021 - JTM Hub
ResponderExcluirFull list of Bet365 Casino & Promos · Up to £100 communitykhabar in 출장안마 Bet Credits for new customers at https://sol.edu.kg/ bet365. Min deposit herzamanindir.com/ £5. Bet Credits available for use หารายได้เสริม upon settlement of bets to value of