Loucas pra Casar: Malu, a neurótica
FREITAS, Anielly de C; FERREIRA,
Fabíola de; CAMELO, Renata sousa; SILVA, Jullieny de O
Resumo
Apresenta as características psicológicas da protagonista
Malu do filme Loucas pra Casar, com o objetivo de observação sobre as
estruturas clínicas na Psicanálise, foram utilizados pesquisa bibliográfica e
vídeo para concluirmos que o perfil da personagem se enquadra como neurótica
obsessiva compulsiva.
Palavras-chave:
NEUROSE, ESTRUTURA CLINICA, OBSESSIVO COMPULSIVO
Introdução
Freud considera que a maioria das
pessoas são neuróticas, visto que
vivemos conflitos e traumas psíquicos, o senso comum entretanto
considera o neurótico como ''louco'', é interessante perceber que para cada
estrutura clínica deve existir sofrimento para ser considerado patológico. Como
desafio buscamos encontrar no filme além de qual estrutura a personagem se
encontra, como também se existia um sofrimento por isso. As possíveis origens e
causas foram analisadas a partir de suas falas e comportamento no roteiro do
filme e posteriormente relacionadas aos escritos sobre o tema.
Metodologia
Após a escolha do filme, ao assistir
o filme foi escolhido que personagem iríamos observar, ao decidir pela
protagonista foram feitas anotações importantes da história e comportamentos.
Através da pesquisa bibliográfica pudemos relacionar com o vídeo, pontuando
comportamentos e falas observadas no filme com a teorias de cada estrutura,
pudemos chegar a conclusão.
Desenvolvimento
Malu (Ingrid Guimarães) tem 40 anos e trabalha como
secretária de Samuel (Márcio Garcia), o homem de sua vida. Apesar de estarem
namorando há três anos, não há o menor indício de que um pedido de casamento
esteja por vir. Um dia Malu percebe que faltam algumas camisinhas no estoque pessoal
do namorado e logo deduz que ele tem uma amante. Após contratar um detetive
particular, ela descobre outras duas mulheres na vida de Samuel: a dançarina de
boate Lúcia (Suzana Pires) e a fanática religiosa Maria (Tatá Werneck). É claro
que as três irão disputar a preferência do amado.
As primeiras impressões sobre Malu nos primeiros minutos de
filme é de uma mulher que desde cedo busca relacionamentos, que quase sempre
terminam em traições e decepções, é uma mulher independente e extremamente
organizada,aos quarenta anos namora Samuel o tendo como o homem perfeito para
ela. O casal aparentemente levava uma relação normal até que Malu após uma
relação sexual percebe que o estoque de camisinhas de Samuel está menos que o
normal, desencadeando assim todas as ''loucuras'' do filme.
Malu é uma mulher neurótica- obsessiva compulsiva,
apresentando característica de meticulosidade na organização de seus objetos em
casa por exemplo, controle quando conta as camisinhas do namorado, invade sua
rede social com a desconfiança de ser traída, demonstrando dúvida e
intolerância que persiste ao longo de sua vida. Os constantes pensamentos de
estar sendo traída, a torna obsessiva e obstinada, acreditando como certeza
absoluta da sua traição, vive de certa forma atormentada por esses pensamentos
incessantes, a compulsão é relativo aos atos que ela pratica por causa disto.Sua
amiga Dolores a acompanha em todos esses momentos, alimentando suas idèias.
Malu carrega uma tristeza pela relação fracassada de seus pais, seu pai
abandonou a mãe e fugiu com outra mulher e diz não querer isso pra ela, sua mãe
de certa forma a incentiva e espera que a filha se case, em uma festa com as
amigas é a única da festa solteira e sente-se constrangida que não suporta e
briga com as amigas, volta pra casa e chora, as seguidas traições dos seus
relacionamentos a fazem sentir que não irá alcançar o seu desejo de casar, o
que pode ter originado esse conflito.
Do ponto de vista estrutural, Malu e as outras ''amantes''
Maria e Lúcia, apresentam as características do ID e do SUPEREGO. Maria, com
seus valores morais e Lúcia puro prazer. Malu, o EGO tenta atender as demandas
dos dois, sendo assim o conflito intra-sistêmico.
Ao encarar a realidade, Malu se vê como uma mulher que
fantasiou o seu relacionamento e que declara ''que se virou em muitas para
agradar o namorado'', tenta o suicídio e vê que precisa de ajuda, pois enfim
percebe o sofrimento nela e o que causou na vida social e familiar, pois todos
conviviam com seu problema. Após fazer terapia, reencontra Samuel e fica
chocada ao vê-lo como realmente é, um homem não tão atraente como ela idealizava
antes da terapia, pois agora está livre da idealização da perfeição do ideal de
ego.
As neuroses são sentidas a partir da angústia, ansiedade, ou
seja, algo desagradável. Freud estudou a neurose como causa do trauma e
posteriormente o complexo edipiano. O neurótico pode ter uma boa saúde mental,
até acontecer um evento que desencadeie estados aflitivos seja por idéias e
sentimentos, nesse momento procurará esquecer isso, o mecanismo de defesa
utilizado é o recalcamento. Freud destaca as origens da neurose como sexuais e
a frustração decorrentes.
O ego do neurótico recusa a forte pulsão do Id, e está
limitado com um SuperEgo rígido. A obsessão se faz com os pensamentos que
permeiam o neurótico, são repetidos, cheios de dúvidas, não conseguindo se libertar
deles, a neurose obsessiva se preocupa em não transgredir as leis por isso não
pode ser confundido com uma perversão. A perca da realidade é feita através da
fantasia.
A neurose obsessiva compulsiva pode se manifestar
passivamente, quando tenta agradar para satisfazer, no caso do personagem da
Malu, e o ativo quando se identifica com o agressor. Utiliza defesas de
isolamento, formações reativas como forma de negação, racionalização e
intelectualização. Com o ideal de algo tirado, a busca pela perfeição é exigida
todo tempo.
É importante salientar novamente que as características da
obsessão podem se dá em pessoas sadias, '' Pode-se mesmo dizer que uma pessoa
portadora de um caráter obsessivo, desde que esse não seja excessivo, é aquele
que melhor reúne os sadios aspectos de uma necessária disciplina,método, ordem,
respeito, moral e ética''( ZIMERMAN, 1999, p.202 ).
Conclusão
Através do estudo bibliográfico e de vídeo, conseguimos fazer
a relação da estrutura clínica psicanalítica neurótica com o filme. No caso do
filme foi uma situação patológica como relatado no desenvolvimento, o
sofrimento pessoal e abrangente na vida social e familiar de Malu retrata
fielmente os relatos de Freud acerca desta neurose.
Referências
DOR. Joel. Estruturas e clínica psicanalítica. Rio de Janeiro: Taurus-Timbre,
1991.
ZIMERMAN. D. E. Fundamento psicanalíticos: teoria, técnica e clínica: uma abordagem
didática. Porto alegre: Artmed, 1999.
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