o que é Recalque?


Compartilharei com vocês através de um trabalho apresentado a disciplina de Teorias Psicanalíticas o conceito de Recalque, como foi dividido e suas representações, sabemos que essa é uma palavra bastante conhecida no nosso país com vários significados distanciando-se do que Freud Em seu artigo, Die Verdrängung, (recalque, repressão) de 1915, definindo o recalcamento como o processo cuja essência consiste no fato de afastar determinada representação do consciente, mantendo-a a distância (ESB, v.XIV, p.170). Também será postado um vídeo com uma paródia baseada na música da cantora Valesca Popozuda explicando verdadeiramente o que é Recalque segundo Freud.







       TEORIA DO RECAQUE
        Disciplina: TEORIAS PSICANALÍTICAS
       
INTRODUÇÃO
                O inconsciente ficou dividido em três conceitos, o id, ego e o superego, o id representa os processos primitivos do pensamento, o reservatório dos nossos desejos mais perversos, o ego alterna a nossa necessidades primitivas, nossas crenças e éticas morais, é a nossa consciência, e o superego é a parte do inconsciente que luta contra o id como sensor dos sentimentos primitivos, são nossos pensamentos morais e éticos internalizados. Regido pelo principio da realidade o ego cuida dos impulsos do id, todos os desejos inadequados não serão satisfeitos, serão reprimidos, apenas parcialmente consciente o superego serve como tutor das funções do ego. Assim o superego lidera os ideais do sujeito considerando valores familiares e sociais. Ele é fonte dos sentimento de culpa e punição.

RECALQUE
       Para Freud o principal problema da psique, é encontrar maneiras de enfrentar a ansiedade. A ansiedade é provocada por um aumento da tensão ou desprazer, real ou imaginada. Sempre que a ameaça se torna muito grande o ego se manifesta para proteger a personalidade e disfarça a real natureza dos fatos, criando mecanismos de defesa.
       Esses processos inconscientes permitem que a mente encontre uma solução para os conflitos não resolvidos no estado consciente. Entre os mecanismos de defesa Freud menciona o recalque.
         "Verdrängung"(recalque, repressão)  é um dos conceitos de maior importância quando nos referimos à metapsicologia freudiana. Podemos encontrar em seu trabalho sobre "A História do Movimento Psicanalítico", a afirmação onde o próprio Freud declara que "O Recalcamento é o pilar fundamental sobre o qual descansa o edifício da psicanálise".

       RECALQUE

       O que é recalque?
E um processo que visa manter no inconsciente  todas as ideias e representações das pulsões, que cuja realização produtora de prazer afetaria o equilíbrio psicológico do individuo, transformando-se numa fonte de desprazer.
Freud considera que o recalque é construtivo no núcleo original   do inconsciente, o recalque  é uma barreira onde uma pulsão que prejudicaria a estabilidade psicológica bate e volta. As pulsões  são vontades que se pararem no consciente, no seu ego, o seu modo de agir seria prejudicial, as pulsões batem na barreira  do recalque e voltam, elas vão e voltam até que elas sejam produtivas e não façam mal  a o individuo e aos que estão a sua volta.
Também conhecido  como recalcamento, é o ato ou efeito de recalcar, dominar, concentrar e reprimir aspirações , desejos, instintos. Na psicologia é uma defesa automática e inconsciente  com que são rebelidas do consciente as ideias que são penosas ou perigosas. Freud afirma que o recalque é um dos conceitos fulcrais da psicanalise, consiste em um mecanismo que remete para o inconsciente emoções, pulsões e afetos que são considerados repugnantes para um determinado individuo.

       RESUMINDO
Distinguem-se três níveis nos quais esse mecanismo ocorre: o recalcamento primário; recalcamento secundário ou recalcamento propriamente dito; e retorno do recalcado.
Recalcamento primário
        Em seu texto o recalque, Freud não se aprofunda na explicação do que seria o recalque primário. Ele diz apenas que consiste em negar a entrada no consciente do representante psíquico da pulsão e com isto ocorre uma fixação onde a partir deste momento o representante psíquico da pulsão fica ligado a ele.
       Garcia-Roza (2000), discorre melhor sobre este tema lançando luz sobre o que Freud não explicou no texto sobre o recalque. O autor comenta que o recalque primário ou originário é precursor e condição necessária para que o recalque ocorra. Consistindo em negar ao representante pulsional o acesso a consciência, estabelecendo uma fixação, uma ligação da pulsão com seu representante. Ao utilizar o termo inscrição, Freud, procura designar que a fixação da pulsão a seu representante seria um registro psíquico inteiramente inacessível à consciência, logo o recalque primário ou original é anterior a constituição do inconsciente como um sistema psíquico conforme define Freud.


RESUMINDO
Recalcamento secundário (ou recalcamento propriamente dito)
       Freud alerta que é errado enfatizar apenas o que sofre o processo do recalque. Igualmente importante é a atração exercida pelo que foi recalcado sobre o que possa ser estabelecido algum tipo de ligação ou associação.
        O recalque não anula o representante da pulsão. Não é correto supor que o recalque retira da consciência todos os derivados do que foi recalcado. Ele continua a existir, a se organizar, a dar origem a derivados e a estabelecer ligações, nas palavras de Freud “ele se prolifera no escuro”.
       Ao estudarmos um caso de recalque há a necessidade de acompanharmos separadamente o que acontece com a idéia e com a energia pulsional ligada a ela (afeto).
       A idéia que representa a pulsão geralmente no processo de recalque desaparece do consciente, caso tenha sido consciente ou será afastado da consciência, caso esteja prestes a se tornar consciente.
       O fator quantitativo deste representante pulsional possui 03 vicissitudes: ou é inteiramente suprimido, ou aparece com um afeto ou é transformado em ansiedade.
                   Para Freud (1915), as vicissitudes da quota de afeto pertencentes ao representante da pulsão são mais importantes que as vicissitudes da idéia. O propósito do recalque nada mais é do que a fuga do desprazer. Se o recalque não conseguir evitar o desprazer e ansiedade podemos dizer que falhou apesar de ter conseguido o seu propósito com a parcela ideacional do representante da pulsão.

       Retorno do recalcado
       O retorno do recalcado pode consistir ou em uma simples “escapada” do processo de recalcamento, válvula de escape funcional e útil (sonho, fantasias), ou em uma forma às vezes já menos anódina (lapsos, atos falhos), ou, ainda, em manifestações francamente patológicas de fracasso real do recalcamento (sintomas). (Bergeret, 2006)
       As formações substitutivas, as formações de compromisso e os sintomas são fenômenos que assinalam o retorno do recalcado. O recalcamento não organiza essas formações.
       Freud (1915), ao explicar o retorno do recalcado afirma que os efeitos do recalque esta limitado a observação do recalque sobre a parcela ideacional do representante da pulsão descobrindo que o mecanismo do recalque cria uma formação de substitutos e sintomas, mas não os produz. As formações substitutivas e sintomas são indicações de um retorno do recalcado
         Para Garcia-Roza (2000), Freud entende o retorno do recalcado como um momento independente no processo do recalque. O retorno do recalcado não é simplesmente o aparecimento na consciência dos representantes pulsionais que foram recalcado. É o reaparecimento por caminhos diferentes de forma distorcia e deformada destes representantes pulsionais que escaparam dos mecanismos defensivos do sistema Pcs/Cs.
        O que retorna é de tal forma distorcido que satisfaz aos tanto ao inconsciente quanto ao consciente não produzindo desprazer. São produzidos derivados submetidos a distorções suficientemente a ponto de ultrapassar as defesas impostas pelo Eu as representações recalcadas.
       CONCLUSÃO
       O conceito de recalque existe na obra de Freud desde a época muito anterior a 1915. Com a definição do conceito de recalque Freud fornece a psicanálise um valoroso entendimento acerca dos processos psíquicos que ocorrem no desenvolvimento psicossexual das crianças.
       A fidelidade de Freud a sua clínica, fez com ele constantemente revisasse sua obra (teoria) de forma a adequá-la a sua clínica.
       Entender o processo de formação do inconsciente, dos conteúdos que são recalcados (a idéia) e o que não é recalcado (o afeto) e a forma como estes conteúdos recalcados retornam ao consciente, permite ao analista junto com seu paciente delinear caminhos que possibilitam ao paciente entender seus sintomas e quem sabe conseguir elaborá-los. Desta forma este conceito é fundamental no tratamento das neuroses.
       O exposto acima facilmente nos convence de que se fazem necessárias pesquisas mais abrangentes acerca deste assunto, como por exemplo, o entendimento da dissolução do complexo de Édipo, os mecanismos de defesa do Ego, a formação do supereu antes que possamos entende inteiramente os processos ligados ao recalque e consequentemente a formação de seus sintomas neuróticos.
          

REFERÊNCIAS

FREUD. S.  – O Recalque (1915). E.S.B., vol. XIV, Rio de Janeiro, Ed. Imago, 1980.
__________ -             Pulsão e suas vicissitudes. E.S.B., vol. XIV, Rio de Janeiro, Ed. Imago, 1980,
GARCIA-ROZA, Luiz Alfredo. Introdução a Metapsicologia Freudiana. 5ª. Ed. Rio de Janeiro – Ed. Jorge Zahar – 2000.


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